Quando mergulho no maravilhoso mundo televisivo deparo-me com grandiosos pormenores que me preenchem como espectador impressionável que sou, somos.
Nisto, estava eu a controlar remotamente a minha televisão naquela alegria pura de quem tem sessenta canais - um para o plástico, outro para embalagens, papel e cartão, indiferenciados e muitos mais, sessenta, como que num ecoponto reverso, de onde não entram, saem, toneladas e toneladas de lixo que devoro alegremente, e a que chamamos anúncios - quando eis que presencio um fenómeno inagualável ao qual não poderia deixar de fazer referência: A publicidade a chocolates em barritas. Quem nunca viu um anúncio de chocolates em barritas? Divinas obras-primas da cultura moderna, carregadas de um forte simbolismo equiparável à publicidade a produtos de limpeza para lavabos que nos revelam a triste realidade de que a nossa sanita fala mal de nós nas nossas costas...imperdoável. Voltando ao cerne, quem nunca reparou que a publicidade ao chocolate servido em deliciosas barras tem um método? Todo e qualquer anúncio de chocolates que se preze inicia-se, metodicamente, com um indivíduo a cumprir uma rotina diária - seja obrigação profissional social ou afins, até tarefas domésticas - e encontra-se entristecido e cabisbaixo, perdido nos lábios rebaixados e suspiros longos, mãos na cabeça, quando eis que do nada, um cidadão exemplar, sorridente, a expirar alegria por tudo quanto é visível, munido na sua casaca ( ou entao no seu saco das compras da praça, junto dos vegetais e frutas ) de uma barrita de chocolate que prontamente oferece na sua felicidade desmedida. Esta oferta é sempre acompanhada da amiga pergunta o que tens? respondida tristemente nada tenho para o lanche. Tudo isto com um acompanhamento sonoro fundo e triste inicialmente e, posteriormente, aquando da descoberta da solução para todos os males, transforma-se numa melodia inspiradora e colorida que nos remonta para duas canecas inclinadas convergentemente, uma com chocolate outra com leite a escorrerem para um recipiente, num fundo montanhesco onde as vacas suissas são alimentadas, enquanto uma voz aconchegante nos diz que o leite nutre bastante e o chocolate é docinho docinho até mais não. Quem resistirá?
Infalível.
Sublinho mais uma vez que este método é somente aplicável a chocolates comercializados em barras pois no caso de chocolates mais requintados, ou é o casal que convida os amigos lá a casa para jantar e no fim só sobra um chocolatinho dos muitos que se encontravam na taça de tal forma que parece que jantaram bombons e no final quase religiosamente surge aquela pergunta sobrou algum? acompanhada com um sorriso que traz um malandro como partilhamos? ou a velha fina que tem o ambrósio que é adivinho - caso estejamos em época - ou - fora de época - a grávida com desejos açucarados que manda o seu respectivo à lojinha dos doces que tristemente recebe a notícia que infelizmente o calor estraga o desejo da senhora.
Tudo isto requer muito cuidado na apreciação da publicidade e anos a fio de consumo, mas aqui entre nós, devo dizer que nos intervalos da publicidade até passa um filme ou outro, quem sabe uma boa série, mas não entremos em devaneios, que até preenchem aquele infimo espaço televisivo entre o sufoco publicitário, mas enfim, aí é altura de levantar do sofá para cuidar de necessidades fisiológicas e outras de foro primário para posteriormente voltar de novo ao consumo do apetitoso anunciável.
sábado, março 11, 2006
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2 comentários:
LOL és o parvo mais inteligente que eu conheço! consegues escrever linhas e linhas de coisas francamente estúpidas e mesmo assim fazer com que pareçam inteligentes! realmente os amigos gays são qualquer coisa do outro mundo*
Já são muitos anos nisto...
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